CINCO RÓTULOS DE VINHOS CONFIÁVEIS, BARATOS E FÁCEIS DE ENCONTRAR


Vinho chileno Don Luís, da Cousiño Macul: boa qualidade e preço acessível. Foto: Divulgação

 Cinco rótulos de vinhos confiáveis, baratos e fáceis de encontrar

Uma pequena relação para tentar ajudar quem ainda tem dúvidas sobre qual vinho levar para casa quando fica diante de dezenas de opções

 30/06/2023

Por

 André Andrès

 Há, no futebol, uma peça fundamental para o brilho das grandes estrelas. São jogadores capazes de cumprir as tarefas táticas mais pesadas, para dar aos craques, os donos do talento maior na equipe, a liberdade de desfilar sua técnica e buscar a vitória. Os exemplos são muitos. Romário e Bebeto só nos levaram ao tetra nos Estados Unidos porque o “trabalho duro” era feito por Dunga e Mauro Silva na marcação do meio-campo. Esse é apenas um de muitos exemplos. No entanto, é necessário notar o seguinte: esses jogadores, esses “carregadores de piano”, também precisam ter qualidade para exercer suas funções. E são reconhecidos por isso. Romário marcou gols decisivos na Copa, mas quem levantou o troféu foi Dunga, capitão do time. Um prêmio para quem “sustentou” o time com seu desempenho. Algo muito parecido acontece no mundo dos vinhos. As estrelas de uma determinada vinícola só brilham porque existem os rótulos mais populares, capazes de sustentar economicamente a produção. Em outras palavras, não seria possível para a Esporão se manter no mercado apenas com o Private Selection, um de seus vinhos mais conceituados, se não fosse o Alandra ou o Pé Tinto, seus rótulos mais baratos. Ou para a Concha y Toro brilhar com o espetacular Don Melchor se não tivesse a sustentá-la a popularidade de rótulos como o Casillero Del Diablo.

Assim como no futebol, são vários os exemplos. E, assim como no futebol, os vinhos “carregadores de piano” têm suas qualidades. Afinal, uma grande vinícola pode ser conhecida pelas suas linhas mais básicas. Existem, lógico, aquelas produtoras apenas de rótulos icônicos, famosíssimos e muito caros. São exceção à regra. E essa regra, da qualidade surgida a partir de vinhos mais básicos, nos leva ao ponto almejado pela coluna hoje: o de apontar marcas confiáveis, para facilitar a vida de quem fica parado em frente às gôndolas sem ter a mínima noção de qual garrafa levar para casa, para o jantar com os amigos ou a festa com os vizinhos. E capazes de oferecer rótulos de boa qualidade e ótimo preço. Você terá de prestar atenção não no nome do vinho, mas no detalhe de quem o produz. O vinho é da Esporão? Vale a pena levar. É da Cousiño Macul? A possibilidade de ser uma descoberta é grande. Daí, é abrir a garrafa e entrar no jogo da degustação. Você não vai receber a Copa, como ocorreu com Dunga, mas certamente vai erguer uma taça cheia de aromas, sabores e prazer…

Cousiño Macul – A casa tem algumas grandes estrelas. O Antiguas Reservas está entre os vinhos mais tradicionais do Chile (custa em torno de R$ 90). O Lota e o Jardín de Macul, lançamento bem mais recente, são mais caros (de R$ 550 a R$ 850). No entanto, vinhos bem mais acessíveis, como a linha Don Luís (em torno de R$ 55) são uma boa demonstração da alta qualidade da Cousiño Macul. Tem um pouquinho a mais para gastar? Experimente a linha Isidora (por volta de R$ 70). O Isidora Riesling é uma ótima demonstração das características dessa casta, com as quais se produz alguns dos vinhos brancos mais interessantes do mundo.


Esporão – A linha Private Selection da grande vinícola do Alentejo aparece sempre entre as melhores de Portugal. O branco e o tinto são realmente excepcionais. Mas ficaram caros. Só como exemplo: no site da Sonoma, o Private Selection tinto custa R$ 900. Os negócios todos da Esporão são em grande parte sustentados por seus vinhos mais baratos, mais populares. Então, quando você se deparar com a famosa logomarca da torre da Herdade do Esporão, pode levar o vinho para casa, mesmo se ainda não o conhece. Vinhos como o Monte Velho (em torno de R$ 60) ou o Pé Tinto e Pé Branco (por volta de R$ 45) não estão no mesmo nível de seus irmãos estrelados, óbvio, mas entregam qualidade acima do preço cobrado.

Monte Velho, um dos “carregadores de piano” da vinícola Esporão. Foto: Divulgação

 

Cantanhede – Os rótulos produzidos pela Cooperativa Agrícola Cantanhede são muito diversificados. Dentre eles, a linha Conde de Cantanhede é a mais popular no Brasil, mas a cooperativa produz também os vinhos com os rótulos Praça dos Marqueses e Marquês de Marialva. Vamos usar o Conde de Cantanhede como exemplo. É possível encontrar vinhos de R$ 35 (como o Homenagem, tinto e Branco) a R$ 250 (o Grande Reserva) e são todos muitos bons para suas faixas de preço. Único problema está no fato de os rótulos serem muito parecidos. É preciso ter atenção para não pegar um Reserva (cerca de R$ 100) pensando ser um Homenagem, bem mais barato, como já falamos. Fora isso, é um rótulo altamente confiável.

Os vinhos da linha Conde de Cantanhede: preços diferentes e rótulos bem parecidos. Foto: Divulgação

 

Concha y Toro – É uma das maiores vinícolas do mundo. Consegue espalhar seus vinhos pelos quatro cantos do planeta. É possível encontrar o Casillero del Diablo em prateleiras de supermercados parisienses, como um rótulo exótico da América do Sul se oferecendo para ser descoberto por franceses curiosos. O Casillero (R$ 55 no site brasileiro da vinícola) não é o vinho mais barato da Concha y Toro. A vinícola ainda coloca no mercado o Reservado (R$ 34 no mesmo site). São rótulos vendidos aos milhões de garrafas. A vinícola tem uma capacidade de produção de 370 milhões de litros de vinho. Uma pequena parcela desse número gigantesco é composto pelos seus ícones, como o Don Melchor (R$ 1.400) ou o Almaviva (R$ 2.600). Note a amplitude dessa linha de produção. Ela parte de R$ 35 e chega a R$ 2.600, com diversos rótulos entremeados entre esses dois pontos extremos. No mundo do vinho é comum uma afirmação: você conhece uma grande vinícola por seus vinhos mais básicos. Assim como as outras citadas aqui, este é o caso da Concha y Toro.

Casillero del Diablo, linha da Concha y Toro espalhada por vários cantos do mundo. Foto: Divulgação

 

Ravanal – A produtora chilena está longe de ter em sua linha vinhos icônicos como o Private Selection da Esporão ou o Don Melchor, da Concha y Toro, apesar de seus vinhos ‘maiores’, como MR, tenham grande qualidade. No entanto, ela entra nessa relação por uma questão muito simples: todos os vinhos da Ravanal tem qualidade superior à sua faixa de preço. Isso acontece desde a linha mais básica (R$ 32, em média) até os rótulos um pouco mais custosos, como o Ovation (R$ 110), excelente Syrah. Atenção para um ponto importante: a Ravanal tem uma linha equivalente, chamada Caballo Dorado. Em quase todos os casos, são os mesmos vinhos, até os preços batem. Apenas os rótulos são diferentes. Em ambos os casos, vale a recomendação: encontrou a citação da Ravanal na garrafa? Você vai levar para casa algo de patamar superior ao valor gasto.

Linha Ravanal mostra qualidade acima do patamar de preço desde seus vinhos mais básicos. Foto: Divulgação

 

Essa é uma lista básica, de referência simples e com vinhos fáceis de achar em lojas e supermercados. Quem conhece um pouco do assunto certamente terá muitas sugestões para melhorá-la. De qualquer forma, a intenção é ajudar quem para diante de centenas de garrafas dispostas nas prateleiras dos pontos de venda e ainda fica indeciso sobre qual delas adquirir. A escolha do produtor é um passo importante, mas não o único. Ainda tem o preço, a uva, o país… Mas sobre isso vamos falar nas próximas colunas.

André Andrès

Há mais de 10 anos escrevo sobre vinhos. Não sou crítico. Sou um repórter. Além do conteúdo da garrafa, me interessa sua história e as histórias existentes em torno dela. Tento trazer para quem me dá o prazer da sua leitura o prazer encontrado nas taças de brancos, tintos e rosés. E acredite: esse prazer é tão inesgotável quanto o tema tratado neste espaço.

FONTE::https://es360.com.br/coluna-andre-andres/post/cinco-rotulos-de-vinhos-confiaveis-baratos-e-faceis-de-encontrar/

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